Será que vale a pena? Quantas vezes eu já me fiz essa pergunta... com certeza a faço e refaço várias vezes ao dia... ‘Será que vale a pena?’
Um dia alguém já disse que a vida é feita de escolhas, eu digo que nem sempre as escolhas são simples, nem sempre o caminho é clarividente... nem sempre a opção é entre algo bom e um fardo ruim, acredito que na maioria das vezes não é.... mesmo porque haveria a tendência lógica e natural de optarmos inopinadamente, sem qualquer dúvida, pelo que nos é bom, de bom grado!
Assim, no mais das vezes, pelo que consigo vislumbrar, as escolhas pairam no limbo existente entre algo bom e outra coisa melhor ainda... você se contenta com o que tem? Mesmo que não seja pouco? Pagaria o preço para ser melhor ainda, mesmo se for caro, vale a pena?
Outrossim, em outras tantas vezes nos vemos obrigados a escolher entre o ruim e o péssimo, mas mesmo nessas situações ainda somos tentados a escolher o martírio do pior caminho se nele vislumbrarmos um fio de esperança a mais que na vereda do ‘ruinzinho’ e então nos perguntamos: ‘será que vale a pena?’
Já pude perceber que a resposta a essa pergunta depende de uma série de fatores, mas, principalmente, da dita pena.
Explico. Nesse sopesamento, com certeza existe algo que, aqui genericamente denominarei de ‘bens’, mesmo que não os sejam, ou por serem males, ou por serem imateriais, sem embargo, é só uma nomenclatura genérica.
Pois bem, como dizia eu, nesse sopesamento, existem bens em posições antagônicas sendo que, necessariamente, deveremos optar por apenas um deles e é nisso que consiste a pena, optar é penoso, e depois de optar vem o caminho a ser trilhado...
Sem contar que, pra piorar a situação, tudo na vida guarda intrínseca relação com o binômio tempo e espaço, o que é bom, o que é ruim, o que vale a pena naquele momento, naquele lugar?
Afinal, o que vale a pena?
Já aprendi uma coisa, mas não consigo pôr em prática, quem souber me ensine, que é não trocar sono por ansiedade. Que troca mais inútil! Já aviso de antemão: não vale a pena! Mas quem não sabe disso, não é?
Liberdade! Isso não se troca, troca? Ah, ela é que se troca. Vamos ver, trocamos a liberdade pelo amor! Certo? Humm, mas o amor aprisiona? Acredito que não. O que aprisiona é a mesquinhez, a desconfiança, o orgulho, mas o amor? O amor não! Apenas não confundamos liberdade com libertinagem.
Então, também costumamos trocar liberdade por privacidade, mas vale a pena? Por timidez, vale a pena? Por uma boa imagem, vale a pena?
E o amor? Já o trocou por desilusão? Já? Duvido muito, sabe por quê? Porque essa troca não foi você quem fez, ela lhe foi enfiada goela abaixo como um engodo, com grande dificuldade você a engoliu, mas valeu a pena! Não valeu? Valeu sim!
Seu tempo. O que você troca por ele? Muitas vezes eu pago caro para conseguir algum e o troco por bobeira, depois me culpo por isso...
A Culpa! Ahh, você já trocou seu sossego por ela? Tranqüilidade também? Valeu a pena?
Já que estamos por aqui mesmo, o que você já trocou por remorso?
Puxa vida, alguns desses tais bens parece que têm trânsito forçado, se autopermutam, mesmo que nós não queiramos fazer a troca...
O que fazer então? Eu só sei de uma coisa eficaz, que é evitar ir até o local onde se troca esse tipo de ‘bem’, uma vez lá: babau! Dá uma vontade de escrever um ‘fudeu’, mas isso não pode, ‘olha a boa imagem pública indo pro beleléu’, ou é pra pqp? Não sei se é o mesmo lugar, nunca consultei a cartografia mais autorizada sobre o assunto.
Com certeza você há de ter aí dentro de si, bem guardado, algum bem que você não permuta, nem o deixa transigir com nada, certo? Eu tenho, é a minha dignidade, o que para mim chega a ser uma metonímia, não no sentido de mínimo existencial, mas sim na acepção metafísica de tudo aquilo que dignifica o homem, tal como a moral, a ética, a lealdade, a justiça, o caráter...
Felizes os que não foram compelidos a transigir naquilo que mais prezam em si!
Seja como for, a escolha é sempre uma tarefa árdua e pode vir a trocar nossa felicidade por arrependimento.
Tenho que confessar que uma boa técnica é se aconselhar, mas não costumo seguir o pensamento alheio, nem mesmo quando me pergunto: ‘será que vale a pena?’
Pois é, eu estou me perguntando mais uma vez, será?
2 comentários:
Ricardo,
Muito bom o texto. Principalmente a primeira metade.
Gostaria de comentar sobre o texto. E o faço:
A dúvida persiste apenas entre os que desacreditam que a marcha é para o bem.
Mas, esse, digamos, "pensamento" ou "pensamento positivo" deve (evoluir) chegar ao ponto de ser involuntariamente iniciado: tornar-se automático.
E leve em conta o seguinte, que - garanto - é inegável: "Não existem dois caminhos a serem optados. O que existe é sempre o caminho que está sendo trilhado. O que pensamos não estar sendo realidade retrata apenas o quanto poderíamos ter sido melhores, e, então, melhorar. Mas esse retrato do que (julgamos) poderia ter sido diferente ou "melhor" somente é desenhado após as conseqüências dos atos presentes estiverem "completas em seus ciclos": porque o presente é infinito, incompleto. Então, partimos sempre da análise de um conjunto (os ciclos); sendo que tal conjunto jamais poderia ser 'visto com antecipação' em todas as suas nuanças. Ou seja: apenas os atentos às mínimas mudanças - os esclarecidos/iluminados, também conhecidos como detalhistas ou perfeccionistas, são capazes de alcançar uma análise inexaurível e, por isso, tendente à prisão de buscar saber o que poderia ser naquilo que já foi."
Tão certa que é a impossibilidade de vidência. Feliz daqueles que vivem cada segundo com pensamento positivo, presente facilmente naqueles que acreditam que caminham para o bem.
A dica é: acredite que o caminho é automático e o destino é o bem.
Olhar para o passado garante que não pisemos em falso no futuro; mas o que estamos fazendo é sempre presente. Tal situação é incompatível com a noção de tempo tridimensional (passado/presente/futuro).
Assim, um abraço sempre presente!
Lucas - Dourados
Grande Lucão!!!
Obrigado pelas palavras meu amigo!
Como sempre, sua personalidade arguta captou com muito atilamento a essência da intenção do texto(ao menos o que eu acreditava ser tal intenção... rsrsrs) e foi além, me provocou uma reflexão muito mais profunda que o meu próprio texto... Ainda tenho que digerir tudo isso....
Abraço, sempre presente!
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